28.3.11

Estes dias assim



Estes últimos dias foram recheados de acontecimentos memoráveis. A queda do Governo, o tsunami que deixou o Japão com os olhos em bico, o Queiroz e o Pepe no namorico, as mortes do Artur Agostinho e da Elizabeth Taylor e mais poderia dizer, mas assim tirava o suspense e ficavam logo a saber que ia falar do Futre. Adiantou a hora. Daqui a uns meses atrasa. E andamos assim. A Lua cresceu e tal... As futebolices nacionais ganharam aos camones. Isto em notícias tem sido um fartote. Quando pensávamos que nada mais nos restava, eis que aparece o nosso salvador, o animador das hostes, o grande el-rei D. Futre.

Numa semana em que a Manuela Ferreira Leite começou a mandar uns bitaites ao Governo, a armar-se, como que a dizer "a minha bola de cristal funciona!", vemos o Dias Ferreira a patrocinar uma situação digna do top 5 dos melhores vídeos de 2011 (já vi umas 328 vezes ou mais). Já devem saber disto, mas vou armar-me em esperto e referir que estas duas figuras públicas são irmãos. O Dias Ferreira é irmão da Ferreira Leite. E a Ferreira Leite é irmão do Dias Ferreira. E até aqui ainda não dei nenhum erro a escrever esta treta toda. Enquanto a irmã se vangloriava com a queda do Governo e o afundanço ainda maior do país, ou seja, estava em estado de graça, o irmão metia as mãos à cabeça, no preciso momento em que assistia a uma palestra épica. O protagonista foi o Futre, que ia ocupar um cargo lá na candidatura do senhor Ferreira.

Um espectáculo memorável. O conteúdo do discurso está mais do que falado e piadizado. Importa aqui o efeito social, criado para todo este mundo de pessoal chanfrado como todos nós. O mundo estava em alarme com o radiaçom do Japom, o Governo tinha caído, a Ferreira Leite arreganhava o dente, o Queiroz tinha sido ilibado lá do processo do doping e o Futre aparece. Conclusão: isto é obra do Governo. O plano tecnológico promovido pelo nosso primeiro-ministro, com letra pequena, pensou num robot que pudesse desviar as atenções de toda a comunidade. Depois do projecto Maddie, um robot sofisticado e invisível, seguiu-se o Futre (que na realidade roi raptado e está preso numa sucateira do Manuel Godinho). Um robot com aparência física humana, quase igual ao Futre, que com meia dúzia de palavras pode desviar as atenções dos desordeiros do Facebook e esses sites assim. Admitindo que ninguém gosta da Ferreira Leite, logo o irmão também não gosta dela. O Governo propôs-lhe o plano e ele aceitou, só para lixar a irmã. Então a luta e a crise têm andado assim um bocadito em segundo plano. E do Japão nem se fala. Esta última frase ficou com dois sentidos diferentes e igualmente correctos.

E pronto, temos aqui uma teoria do caraças. Quando soltarem o Futre vamos saber a verdade.

Todo este episódio causou boa disposição no pessoal, o país esqueceu-se de todo o mal que vai no mundo e hoje até tivemos grandes banquetes dos nossos governantes. Se não fosse o Futre, hoje tinham aí à porta o pessoal com paus a arder. Qual será o terceiro robot do plano tecnológico? Um robot afinadinho que vai cantar a Celine Dion aos Ídolos? Um robot-craque para o Benfica, que marca golos sem dar cotoveladas? Vamos lá ver no que dá.

Em jeito de final de fábula, e de uma forma assim um bocado abichanada, há uma grande moral a tirar daqui. Quando o mundo está de rastos e parece que tudo vai cair em cima das nossas cabeças, eis que algo surge e ficamos mais tranquilos, não pensamos mais nas desgraças que, aqui e lá fora, fazem um grande trinta e um. O país precisa de governantes que, para além das tragédias e dos sacrifícios, também nos congratulem com um bocadito de humor à Futre. Os políticos também têm piada, mas a escolinha não é a mesma. Tinha de ser assim mesmo valente, como o Futre. E é disso que todos nós precisamos. Algo que nos deixe bem dispostos, para não andarmos a pensar só no preço da gota. Roubem-nos, mas façam coisas como o outro artista. Mais do que as palavras em concreto (que são de cagar a rir, mas não queria muito falar nisso), o acto, na sua globalidade, foi digno de obra-prima. Digno de um manual de História do 7º ano, lá para 2024. "Em Março de 2011, o mundo estava em crise, uma radiação nuclear alarmava tudo e todos, mas surgiu o D. Futre, que com um discurso memorável juntou a nação a rir, uniu-a.".

Ganda Futre! Tu e o chinês... (era impossível evitar)

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