Os animaizinhos

Os animais têm atitudes estranhas. Desde sempre tentei entende-los e, finalmente, consegui. No fundo, funcionam como os seres humanos. Lembrei-me, assim mesmo ao calhas, de alguns exemplos que são uma finice. Cheguei à conclusão que são os homens a imitar os animais (e não o contrário).

Às vezes, gosto de beber um belo Frisumo de ananás fresquinho (mas só no Verão) com a minha chavala ao lado a falar-me da Sandra Vanessa, que é uma porca. Mas acontece que, quando me distraio um bocadinho, a minha miúda bebe um golinho. Isso não é problema, dou-lhe logo uma estalada e um croque (e ela amoina logo). O pior é quando me cai uma mosca no Frisumo. Felizmente, consigo entender os animaizinhos. Vamos lá ver uma coisa. As moscas têm pouco tempo de vida. O que é que qualquer pessoa faria se soubesse que tinha pouco tempo para curtir a vida? Uma loucura. Se soubesse que morria amanhã, faria algo que sempre sonhei fazer. Papava a Sandra Vanessa. Com as moscas acontece o mesmo. Elas gostam tanto de açúcar que resolvem mandar-se para aquele fabuloso néctar. Acabam com as suas vidas da melhor maneira. Sentem-se como eu me sentiria numa piscina cheia de sardinhas de rabo-na-boca.

Detesto estar a adormecer e começar a ouvir o uivar dos cães. Mas, o que me lixa, é que não é só um cão a fazer isso. Quando começa um, os outros vão logo atrás e fica uma sinfonia do caraças. Isto acontece porque há sempre um cão que insulta outro. Auuuuuu! (tradução humana: Ó Bobi, ó boi!) Auauauauauuu (tradução humana: Andas metido com a tua própria filha, seu pedófilo!) E é isto a noite inteira. Sempre em discussão. Os humanos não fazem isto? Alguns não, mas eu faço. Gosto de discutir com os meus amigos e falar mal das mães deles. Depois fujo, para não me baterem. E eles não batem.

Outro exemplo que demonstra que os animais e os humanos são parecidos é... Não sei se vou dizer, tenho vergonha. Digo só uma palavra. Canzana. Canzana deriva de cão (can- = cão). Afinal, quem imita quem?

Depois, aparece-nos o leão com a mania de fazer chichi, para marcar território. Quando estou com o pessoal na rua, às vezes apetece-nos fazer desenhos de chichi contra a parede. Depois de dada a mija, ninguém se aproxima do sítio onde estive. Está marcado o território. A diferença é que o meu chichi não atrai as moças, como o do leão. Mas isso pode-se explicar. Os leões comem zebra. A carne de zebra dá um bom aroma ao chichi. Tenho de começar a almoçar umas belas sopas de zebra. Assim dou uns belos chichis na rua (é tão bom!) e pode ser que consiga atrair a Sandra Vanessa.

Agora vou falar dos animais que se armam mais. Escusado será dizer que são as andorinhas. Este animal porta-se como aquelas pessoas da vipalhada, que só pensam em abanar o rabo. Quando está sol metem-se aí a fazer razas às nossas cabeças. Vem o frio e elas vão-se logo embora para o quentinho. Sacanas! Então só querem Portugal para o calor? Deve ser para o Brasil que elas vão. Também gostava de ir ao Brasil, mas não vou porque as andorinhas irritam-me e não me quero cruzar com elas.

Para terminar, só me falta falar do meu animal preferido: o ratito. Este animalzinho quando vê uma ratoeira com um pedaço de queijo pensa: "Vou comer o queijo, sem pensar nas consequências que terei, mesmo que isso inclua a morte.". E vão para o queijinho, comem um bocado e morrem. Comigo acontece o mesmo. No outro dia quis comer queijo, mas tive de o cortar à naifada. Quando peguei na faca ainda pensei: "Ainda vou cortar um dedo. Mas, se calhar, não me corto. Vou experimentar.". E cortei-me. Não faz mal, só fiz um corte de 8 centímetros. Meti Reumon gel, Betadine e tomei um Viagra. Fiquei logo bom. Mas, é isso, até somos parecidos com os ratitos. Para além desse exemplo, também sou parecido nas orelhas e nos dentes. No outro dia, uma criança veio ter comigo e perguntou-me: "Ó meu senhor, você é ratito?". Respondi: "Sou. Para ti sou o Mickey. Para a Sandra Vanessa sou o Speedy González.". A criança não percebeu e eu também não percebi muito bem o que quis dizer com aquilo. O que é certo é que o disse e se for preciso volto a repetir.

São assim os animaizinhos, parecidos connosco. Andam a cheirar o rabo uns dos outros, como nós. Só que nós usamos roupa, por isso não cheiramos tão mal.