9.10.06

Latinador-Restle-Ringue


Em miúdo gostava muito de andar à bulha. No fim chorava sempre e fazia queixinhas à senhora professora. Ela batia-me ainda mais. E eu voltava a chorar. O recreio era o meu ringue. Parei de lutar, mas o bichinho esteve sempre presente.
Ontem liguei a televisão e uma lágrima percorreu-me o bigode. Estava a dar um combate de Restle-Ringue americano. Fiquei a ver e cheguei à conclusão que quero entrar naquele mundo. Ali está o meu futuro. Enviei uma carta aos senhores que mandam naquilo. Mandei-lhes 5 propostas. Não devia estar aqui a contar isto, porque é meio segredo, mas...que se lixe.

Tenho de ter uma fatiota à maneira. Pensei em algumas coisas, tenho a certeza que eles vão aceitar.

Posso ser um Luso-Lutador. Com esta figura, visto a fatiota do rancho e vou à luta. Chapeuzinho de categoria, botinha da lavoura, calcinha apertada e sachola debaixo do ringue (para fazer batota). Entro em cena ao som do Apita o Comboio ou da Bronca na Discoteca, do Nel Monteiro. Os americanos vão-se maravilhar. Vou ser um lutador daqueles bons. Depois torno-me mau, mas só daqui a 1 ano.

Outra ideia é a do Senhor-Capado. Aí tenho de ir para o ginásio e treinar muito. Quero ficar com muitos músculos, isso é o capado (que também singnifica não ter pilinha). A tanguinha já tenho. É branquinha e é boa para nadar na praia. Vou usá-la. Entro com uma música dos UHF ou do Paulo Gonzo. Todos os lutadores vão-me respeitar. Começo como lutador mau e depois torno-me bonzinho. Tenho é de trabalhar no corpo e de fazer umas tattoos daquelas marotas. As miúdas vão-se passar...

Também posso botar uma máscara gira. Fico como um lutador sem identidade. Começo logo como campeão do mundo. Depois perco uns lugares, mas passado 3 semanas volto a ganhar o título. Não vou ser reconhecido na rua e isso...não me agrada nada. Acho que em alguns combates tiro a máscara. Vamos lá ver se os senhores da pancadaria concordam. É uma excelente ideia, só não aceitam se forem burros. Este lutador vai ser sempre bonzinho, mas muito batoteiro. Vou para o ringue com muito fumo à minha volta e sem música. Tenho mesmo ideias bestiais.

A proposta mais difícil é a de ser um Yokozuna. Os lutadores de sumo bebem muito Compal. Por isso é que ficam assim. Quando bebo Compal faço muito chichi e dou pums mal-cheirosos. Se me deixarem ir à casa de banho a meio do combate, aceito. Se não deixarem, desisto da ideia. Eles é que perdem. Faltam-me 84 quilos para ter um peso aceitável. Vou ter de mamar muito suminho. Se o Compal me fizer mal, mudo para o Frutis Néctar. A minha entrada no ringue é feita ao som dos Trio Odemira. Eles são japoneses, por isso fica bem. E quero-os lá a tocar ao vivo. Ai deles!

A última coisa em que pensei foi tornar-me um Divo. Visto uma roupa de cachopa, deixo crescer o cabelo, meto umas maçãs reinetas no sítio das marufas, espartilho de categoria e lá vou eu. A vantagem é que luto contra moças jeitosas. Posso aproveitar-me disso e até fica uma coisa divertida. Se controlar o jogo do prego, está-se bem. Se não conseguir, fico com uma espada para poder lutar contra elas. O nome desta lutadora é Quina. Uma boa homenagem ao nosso país. Vou para o ringue de pónei branco e a dar o Amor de Água Fresca, da Dina. Vai ser bom ser Divo. Os Il Divo cantam bem, mas são gays. Não quero confusões.

Preparem-se para o grande momento. Os senhores devem estar quase a responder-me. Vou representar Portugal melhor que o Tiago Monteiro nos carrinhos. Vai ser uma categoria.

Viva o Restle-Ringue! Ó filhota, diz à mamã que o pápá hoje quer ver os Morangos.



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