11.4.06

O prostiputo do Padre Grilo

Olá, o meu nome é Latinador e venho denunciar um caso grave. Fui um acolhido da obra do Padre Grilo no período 1982-1989.
Nesses penosos 31 anos fui prostiputo nessa instituição. Prostiputava-me em troca de 1000 escudos. Ao fim do dia já tinha 5 contos para comprar revistas Gina. Mas foi duro. Hoje não consigo dormir. Tenho pesadelos porque...já não tenho idade para ser prostiputo. As pessoas eram muito meiguinhas comigo. Desculpem estar a chorar mas, mal consigo falar. A minha vida tornou-se um inferno.
Tenho saudades daqueles senhores que me escolhiam e me prostitutavam. Eram pessoas dóceis...mas nunca mais quiseram saber. Vou metê-los todos em tribunal por me terem abandonado mas, para já, não posso revelar as suas identidades.
Recordo aqui o dia em que os vi pela última vez.
Numa manhã de 1984 o senhor Narmir (nome fictício), que era presidente de uma coisa qualquer, chega ao Padre Grilo e aponta para mim. Diz com uma voz suave:

- Tu eras um bom moço. Agora já nao gosto mais de ti. Estás a ficar crescido demais e já vejo muitos pêlos no teu município. Ou rapas essa merda ou acabaram os PDM´s invertidos. Pensa nisso senão acabou-se a festarola rija.

...sorriu, piscou-me o olho e coçou a barba, mesmo de uma pessoa que está a pensar "ai...minha bela bichanazinha!". Foi-se embora e eu chorei. Não rapei os meus pelitos e o senhor Narmir nunca lá mais foi.

Outro senhor que ia lá desenhava casas. Era o Sivi (nome fictício). A última vez que o vi tivemos este último diálogo:

Sivi - Sim senhor, fizeste-me lembrar o Taveira.
Eu - Obrigado meu senhor! Pode dar-me os 1000 escudos?
Sivi - Pega meu belo jovem! Até à próxima.

Nunca mais apareceu. Ainda o vi, no outro dia, na rua. Ele reconheceu-me e coçou apenas o nariz, como que a pensar "ai...se te apanhasse sem matreiro!". Este senhor era diferente do Narmir. Ele pagava-me 1000 escudos mas era ele mesmo quem se prostiputava. Nunca percebi muito bem mas pronto...

Os outros clientes eram um casal. Escreviam. Era a Flespa e o Pasman (nomes fictícios). Era um casal que...hmmm...coisava a minha frente. Eu só tinha de...hmmm...coisar...no meu...coiso...e eles ficavam todos contentes. Era maravilha. Ficava ali sentadinho sem ninguém a chatear e pimba...2 contos! Da última vez disseram:

Pasman - Ai...ai...espanca, espanca!
Flespa - Ui...ui...tem calma! Tem de ser passo-a-passo!
Eu - Suas porcas!

Mal eu disse isso, eles fugiram nús. Nunca mais os vi.

E foi assim a minha infância. Fui deixado só, como um cão! Não aceito isso.
Gostava muito deles e eles de mim. Éramos como irmãos. Éramos todos badalhocos mas muito chegados. Não consigo dormir sem pensar nas barbas do Narmir e do Sivi.
Vou metê-los todos na cadeia. Assim me despeço. Emocionado, com lágrimas nos olhos e voz distorcida...
O Leixões quanto ficou?



1 comentário:

fiufiufiu disse...

medooooooooo...mto medo de ti!!