Proxenet Mountain

Saíu-me o Totobola. Acertei no Germinal-Beveren (tinha fezada que o Germinal iria ganhar) e ganhei 500 contos. Já posso realizar o meu sonho de criança
- fazer um filme de cowboys.Este ano, aquele filme dos cowboys rabichos teve muito sucesso. Então, mestre como sou, peguei na ideia e vou aproveitar a onda e fazer a minha própria cowboyada. Vai-se chamar Proxenet Mountain. Não vai ser um filme de rabichos mas sim de lesbíticas. Até fico com lágrimas nos olhos, só de pensar na ideia.
Já tenho a história na minha cabeça. Para começar, eu faço o papel de Proxenet Mountain. Sou o xerife
da cidade.O filme vai ser rodado no Alentejo. O cenário é uma cidade chamada Puerto Alegre (pronunciado em espanhol). É uma cidade só de homens, onde todos os anos nascem pelo menos 5 ou 6 novos cowboys. Eu faço de bom. Sou o maior pistoleiro da cidade. O mau é o João Braga (grande fadista) que vou convidar para entrar no filme. O vilão é o João Braga também. O fadista vai fazer de gay.
Tenho o filme todo na minha cabecinha. Então é assim...
Os gajos da Quer-cus estão a invadir o estuário do Tejo. Eu, como xerife de Puerto Alegre, mando a cowboyada toda para combater esses senhores que são pedófilos de golfinhos. Vão todos menos 2. Eu e o João Braga. Esse é gay e fica encondido na cidade com medo da dura batalha. Os cowboys morrem todos no Tejo. As tropas da Quer-Cus, comandadas pelo cruel general Francisco Ferreira (cromo nº 24, na figurinha) dizimam os meus homens.
Entretanto a cidade é invadida por dezenas de jovens...da Rússia. Como bom galã, o Proxenet Mountain oferece-lhes emprego na cidade. As casas (agora vazias) são transformadas em belos antros de amor pago, a bom preço. Eu recebo a minha comissão. Também mereço! Sou como um pai para essas meninas, que só comunicam comigo por linguagem gestual e vice-versa ao contrário e de trás. A cidade muda de nome. Passa a chamar-se Putin Town. Só abre de noite para os visitantes. De dia é o paraíso. É uma cidade de amor infinito onde eu sou o infinito que não chega para todas. Começam a gostar umas das outras e é uma rambóia total. Pistolas, caçadeiras, cartuchos, texanas de ponta aguçada, chicotes...tudo adereços nesta obra-prima.
Mas nem tudo corre bem. O João Braga sai de toca. Como vê que eu não lhe ligo nenhuma, começa a matar as meninas. Mata umas 5 e a cidade entra em pânico. No final, descubro que é ele que as anda a matar e volta a paz à cidade. Aqui fica um excerto dessa parte tensa:

Proxenet - Foste tu que mataste a Pakova e a irmãs da Nakonassa?
João Braga - Fui porquê?
Proxenet - Vou-te matar está bem?
João Braga - Ok.
Proxenet - Pum pum pum pum pum pum! Incha porco!

É assim a parte mais tensa do filme. A mais intensa não posso contar ainda. Têm de ver no cinema. A paz volta a cidade, a rambóia e as visitas aumentam, o dinheiro é sempre a cair e é grande festarola. Acaba com a palavra "fim" e as letrinhas no fim. A banda sonora é do Vitorino. São músicas de bossa nova cantadas em galego e com um toque de country, pimenta e cominhos.
Vai ser um sucexo.
O novo actor do James Bond não presta. Devia ser outra vez o Roger Moore, ou então a filha dele e da Grace Jones - a Demi Moore.
Não faltem à estreia. Se faltarem eu vou chorar...e não quero...